O embate entre Prefeitura e aplicativos de serviços de transporte por motocicletas no
início do ano trouxe à tona o debate não só sobre a necessidade regulamentação desse
tipo de transporte para garantir a segurança dos condutores e passageiros, como também
da construção de políticas de segurança viária para prevenir acidentes e mortes evitáveis.
E os dados disponíveis mostram que a Prefeitura de São Paulo ainda não conseguiu
desenvolver medidas eficazes de proteção aos trabalhadores de duas rodas, especialmente
os dados relacionados aos atendimentos do SAMU.
Segundo informações prestadas pela Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo (SMSSP)
a pedido efetivado pelo portal da transparência, foram registrados 9.527 acidentescom
motocicleta em 2022, 11.599 em 2023 e 10.042 em 2024. Houve ainda aumento
progressivo de atendimentos realizados na rede de urgência e emergência municipal,
causados por acidente de transporte envolvendo motociclistas, sendo 3.767 em 2022,
4.071 em 2023, e 4.599 em 2024. Informa ainda a SMS-SP que no dia 18 de julho de
2025 havia 99 pacientes internados devido a acidentes com moto, e 62 pacientes
aguardando cirurgias ortopédicas pelo mesmo motivo.


Mas os dados mais alarmantes são os relativos aos atendimentos pelo Serviço de
Atendimento Móvel de Urgências (SAMU). No ano passado, o SAMU atendeu 9.898
ocorrências de acidentes de trânsito relacionadas a motocicletas, e só no primeiro
semestre deste ano de 2025 (1º de janeiro a 30 de junho de 2025), o serviço registrou
8.396. Ou seja, em apenas 6 meses, o número de sinistros registrados pelo SAMU já está
próximo de atingir o número total do ano passado, mostrando um crescimento
exponencial de acidentes de moto na cidade São Paulo que, mantendo-se nessa tendência,
poderá chegar a 16,7 mil acidentes.
“Isso representa mortes, traumas e limitações na vida das pessoas que poderiam ser
evitadas caso a Prefeitura estivesse realmente interessada em garantir boas condições de
mobilidade aos munícipes, além de reduzir custos ao SUS e liberar leitos hospitalares,
que vem sendo reduzidos na gestão Nunes”, opina o Vereador Hélio Rodrigues, integrante da Comissão de Saúde, Promoção Social, Trabalho e Mulher, da Câmara Municipal de São Paulo.

A SMS-SP informa ainda que, por ano, gastou cerca de R$ 35 milhões somente na linha
de cuidado ao trauma com pacientes vítimas de acidente de moto na cidade. Até quando
a Prefeitura vai se omitir nas políticas de segurança viária e responsabilizar, unicamente,
os aplicativos de transporte na escala de acidentes e mortes no trânsito?
Documento elaborado por Débora Aligieri e Rogério Limonti



