– Por Marcelle Rocha Ribeiro, da Rede de Comunicadores da Liderança do PT
Com 113.408 casos suspeitos, 30.454 confirmados, 2.708 mortes suspeitas e 2.430 comprovadas por Covid-19, conforme último balanço divulgado pela Prefeitura Municipal de São Paulo, a capital paulista concentra a maior quantidade de casos do novo coronavírus no país, desde o início da pandemia.
Ainda de acordo com o boletim, a evolução no número de óbitos por Covid-19 teve um aumento de 362,88% em pouco mais de um mês (de 9/4 a 11/5), mesmo com o início do isolamento social em 23 de março.
Outro dado preocupante é a elevada taxa de ocupação nos leitos de UTI reservados para os pacientes com Covid-19: 87,2% na Grande São Paulo e 68,3% no Estado. A ampliação de leitos em hospitais de campanhas, criados exclusivamente para atendimento a pacientes com a doença, não está sendo suficiente para dar conta da demanda.
A Prefeitura tem alertado para o baixo índice da taxa de isolamento que, em média, não ultrapassa 50% da população, sendo que o atingimento ideal é de mais de 70%, segundo os epidemiologistas.
Em dois dias de rodízio de carros mais restrito – medida adotada pela Prefeitura e que tem sido criticada por especialistas – não houve crescimento no percentual da taxa de isolamento. Para os críticos, essa iniciativa poderá resultar no aumento do número de casos, uma vez que os profissionais de serviços considerados essenciais ficarão mais expostos ao vírus nos transportes públicos ou por aplicativos.
Enquanto a Prefeitura insiste na estratégia de isolamento parcial das atividades e em medidas para tratamento das pessoas infectadas, a cidade continua a liderar o ranking brasileiro de cidades mais contaminadas pelo Covid-19 e pode se transformar no próximo epicentro mundial da doença.
Subnotificação: falta de testes e aumento de mortes por problemas respiratórios
Dentre os países que apresentam mais casos do novo coronavírus, o Brasil ocupa a 110ª posição entre os que fizeram menos testes a cada 1 milhão de habitantes, com cerca de 3.400 exames. Em números absolutos, foram realizados 735 mil testes em todo o país até o momento e não há informações detalhadas por município.
Se pela quantidade de exames não é possível saber a quantidade real de casos confirmados, um estudo divulgado pelo Imperial College de Londres estima ao menos 4,2 milhões de contaminados no Brasil. Na cidade de São Paulo, cerca de 3,3% da população já estaria infectada, o que representaria 1,5 milhão de pessoas.
Outro indicativo que aponta para uma subnotificação de mortes e casos graves de Covid-19 no Brasil é o aumento de mortes e internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), em comparação com o ano passado.
No total de mortes, houve um crescimento de 1.035% no país e de 10 vezes mais no número de internações pelo mesmo motivo. Já a capital paulista passou de 235 óbitos por SRAG em 2019 para 1.215 de janeiro a abril de 2020.
Bloqueio total em São Paulo
Para a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), caso o isolamento social não seja intensificado, o estado de São Paulo chegará ao fim de junho com cerca de 53,5 mil novos casos de covid-19 por dia, segundo projeções feitas com um modelo matemático desenvolvido pela universidade.
Sem o lockdown, ou seja, o bloqueio total com restrições mais severas para a circulação de pessoas e funcionamento dos serviços essenciais, a cidade não conseguirá reduzir a quantidade de pessoas infectadas em curto período de tempo, o que levará ao colapso de seu sistema de saúde e a números alarmantes de mortes por Covid-19.
O PT de São Paulo acionou a Justiça para que seja instituído o lockdown na cidade de São Paulo e municípios da região metropolitana. Ainda não há decisão para a medida cautelar.
O Partido dos Trabalhadores defende também a adoção de fila única no SUS. Veja mais, aqui.