O Dia Internacional de Luta da Mulher, nesta terça-feira (8), abre uma longa jornada de atos massivos nas ruas do Brasil, logo após o fatídico acontecimento com o ex-presidente Lula, chamado para depor de modo coercitivo pela Polícia Federal na última semana.
A criminalização de um dos maiores símbolos de luta e de inclusão social no país atinge igualmente movimentos sociais e sindical e, nesta conjuntura, de conservadorismo e retrocesso, as mulheres estão entre as mais prejudicadas.
Às 16h – O esquenta na Avenida Paulista na tarde de hoje fala sobre isso. E qualquer iniciativa contrária tem como resposta imediata das mulheres: “não vai ter golpe”.
Milhares de pessoas com bandeiras e camisetas na cor lilás tomam o vão livre do Masp, no ato unificado organizado por pelo menos 70 entidades. Entre as bandeiras deste ano, as participantes exigem a legalização do aborto, o fim da violência contra as mulheres, a defesa da democracia e contra a reforma da Previdência. Uma grande faixa abre alas trazia a inscrição “Somos Todas Dilma”.
Às 17h – A sem-teto Carmen da Silva Ferreira, da Frente de Luta por Moradia, reforça que o ato é também em defesa do Estado de direito. “Defendemos o Brasil contra o retrocesso. Se houver um golpe, não é só o PT quem será atingido, mas toda a população brasileira.”
Coordenadora do Sindipetro Unificado de São Paulo e secretária de Juventude da CUT São Paulo, Cibele Vieira retrata a conjuntura política atual. “Desde o segundo turno das últimas eleições presidenciais, há uma polarização crescente que vem de várias frentes, pelo viés econômico, no desmonte do Estado, pela perseguição aos movimentos sociais e pela cassação dos direitos civis, que atinge diretamente a nós mulheres”, avalia.
Para Cibele, a candidatura de políticos como Jair Bolsonaro para o próximo período representa o tamanho dos retrocessos da atual conjuntura.
Às 17h30 – Além das críticas a figuras como a dos deputados Bolsonaro e Marco Feliciano, cartazes e faixas pedem a saída do atual presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.
Presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral aponta para o que pensa o movimento estudantil. “As mulheres não aceitarão o clima de golpe e seu principal articulador, Eduardo Cunha”, diz.
Contra a atual conjuntura, os movimentos se organizam na Frente Brasil Popular para atos no dia 18 e 31 deste mês.
Dia de quê?
Para a comerciária Lúcia de Nazaré Oliveira, de São Bernardo do Campo, o dia 8 de março não é sinônimo de flores e bombons às mulheres. “Queremos 365 dias de respeito às mães, filhas, avós, queremos um ano todo sem assédio sexual ou outras formas de desrespeito.”
Design de unhas, Tarsila Amorim, 30 anos, lembra que este 8 de março serve como agradecimento a todas as mulheres que deixaram um legado de luta. “Mostramos hoje que o assédio sexual é um dos problemas que enfrentamos. Vestir um shorts curto não significa que estamos vulneráveis. Os homens não são nossos donos”, afirma.
Parte desta violência a que se refere Tarsila, segundo a jornalista Renata Mielli, dirigente do Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé, se dá pela influência da imprensa na sociedade. “A mídia retrata a mulher de maneira preconceituosa e estereotipada.”
Aos 85 anos, dona Clotilde Hernandes Rosa participou de um ato pela primeira vez na sua vida. “Tô aqui para lutar porque há muito que se fazer pelo Brasil”.
A marcha deixou o vão do Masp às 18h10. Às 18h30, os movimentos começaram a descer a Rua Augusta, com destino à Praça da República. Às 19h, os manifestantes chegaram na Praça Roosevelt. Às 19h55, na Praça da República.
Fonte: André Accarini, Érica Aragão, Luiz Carvalho, Rafael Silva e Vanessa Ramos – CUT-SP
Crédito foto: Robson Parizzoti