Passados 11 meses – e pelo menos 43 viagens pelo Brasil e a outros países – desde que assumiu a Prefeitura de São Paulo, qual o saldo do primeiro ano do mandato do prefeito João Doria? O resultado é bem negativo: em vários setores da administração há problemas de gestão e o fraco desempenho aparece nas pesquisas, que mostram que em 11 meses triplicou a rejeição ao governo Doria.
Aliás, um governo que não existe e não tem plano para existir. Não há planejamento de obras estruturantes e questões estratégicas são decididas de qualquer jeito. Vide o triste episódio da farinata, em que o prefeito passou por cima de sua equipe e de órgãos da Prefeitura e anunciou a distribuição do composto na merenda escolar sem qualquer estudo prévio, só voltando atrás após a repercussão negativa.
A única ação concreta de Doria é o uso intensivo do marketing para promoção pessoal, com vistas a alavancar sua imagem de olho em outros projetos políticos. Mas não há marketing que sustente as gritantes falhas do autointitulado gestor.
Doria passou o ano mentindo para os paulistanos. Alegou que um suposto rombo de R$ 7,5 bilhões que encontrou nos cofres da Prefeitura inviabilizou ações da gestão. Na verdade o tucano herdou um caixa de R$ 5,3 bilhões em janeiro último (como atestou o Tribunal de Contas do Município) e encerrará 2017 com um saldo considerável.
Esse discurso foi usado por ele para esconder sua ineficiência administrativa e, ao mesmo tempo, alinhado ao governo do golpista Temer, atacar os direitos sociais duramente conquistados pela população paulistana.
Doria paralisou desnecessariamente obras estratégicas (Ex: hospitais de Parelheiros e Brasilândia, 14 CEUs e dezenas de CEIs) e atrasou ou não conseguiu tirar do papel licitações importantes (Ex: pavimentação e varrição de ruas, serviço de iluminação, conserto de semáforos, concessão do transporte), entre outros problemas.
O caso dos CEUs é grave. As novas unidades já consumiram R$ 100 milhões, faltando cerca de R$ 400 milhões para a conclusão. No entanto, além de parar a construção, o prefeito reservou no Orçamento dos próximos 4 anos apenas R$ 1,5 milhão para os novos CEUs.
Doria está fechando 2017 com uma política fiscal irresponsável. Recusou fazer a revisão da Planta Genérica de Valores, base de cálculo do IPTU, e corrigiu linearmente o tributo em 3%. Ou seja, abriu mão de receita futura e de promover justiça fiscal (cobrar mais de quem tem mais renda) para agradar a fatia mais rica da população.
Na campanha prometeu zerar a fila nas creches no primeiro ano de gestão, criando 100 mil vagas novas. Depois que assumiu mudou a meta de vagas no primeiro ano para 65 mil. Só que o tucano fechará o ano com apenas 12 mil novas vagas e o déficit continua o mesmo do início do ano. Na Saúde, o propalado feito de ter zerado a fila de exames do passado foi anulado com a restauração da fila na atual gestão.
O prefeito abusou da tesoura cortando gastos sociais. Tirou 700 mil crianças do Leve Leite e reduziu a quantidade do produto fornecida. No Transporte Escolar Gratuito 20 mil crianças foram tiradas do programa. Reduziu o uso do Passe Livre Estudantil e elevou o preço dos bilhetes temporários e de integração, penalizando quem mais usa transporte público para cumprir a promessa eleitoral de congelar a tarifa de ônibus. Na Assistência Social serviços foram fechados e houve atraso no repasse a entidades, medidas que prejudicaram crianças em situação de vulnerabilidade, mulheres vítimas de agressões, moradores de rua e idosos.
Essas medidas ajudaram Doria a engordar o caixa da Prefeitura, mas revelaram sua insensibilidade social, pois contribuíram para aumentar a desigualdade na cidade, num momento de crise econômica e de desemprego.
O prefeito transformou o tema da desestatização em uma questão ideológica. Lançou o PMD com o argumento de que a gestão privada é melhor e mais eficiente que a pública, alimentando uma polarização com fins políticos.
Além de nada do que foi aprovado no PMD ter virado realidade, os números apontam que a desoneração ficará em 1% do orçamento municipal. Seu próprio PPA demonstra a falta de confiança da gestão no PMD: dos R$ 7 bilhões que o prefeito disse que iria arrecadar, estão previstos apenas R$ 2,5 bilhões nos próximos quatro anos.
Em julho Doria anunciou em redes sociais que a Prefeitura já havia recebido R$ 626 milhões em parcerias. Mas os números do Portal da Transparência são quase 20 (!!!) vezes menores. Até agora o prefeito conseguiu apenas R$ 36 milhões. Dos R$ 120 milhões em remédios, apenas R$ 6,5 milhões foram doados (sem contar o gasto que o município teve com o descarte de produtos com data de validade vencida).
A verdade é que São Paulo elegeu um candidato e não um prefeito. A última coisa que Doria deseja é ficar amarrado à cadeira. Mas não há marketing capaz de reverter num trimestre uma gestão inexistente até agora. A cidade seguirá sofrendo as consequências do desgoverno, seja com Doria em voo eleitoral a partir de abril próximo, seja como um oportunista frustrado atado ao cargo de prefeito.
São Paulo, 18 dezembro de 2017
BANCADA DE VEREADORES DO PT Câmara Municipal de São Paulo
Confira o balanço completo:
Cidade sem prefeito – Balanço de 1 ano gestão Dória