A Secretaria Municipal de São Paulo (SMS) modificou a metodologia para disponibilização dos dados de mortes por Covid-19. Até a edição 110 dos boletins diários (publicado em 15 de julho) a pasta repetia os números divulgados até o dia anterior e registrava na última data, de referência do relatório, a totalização de mortes. A partir da edição 111, sem qualquer anúncio prévio ou nota explicativa da mudança metodológica, a SMS passou a modificar os números informados nas datas anteriores e não mais totalizar os novos registros.
Desde o início da pandemia, a Liderança do PT tem trabalhado exaustivamente no monitoramento dos dados e acompanhado os boletins divulgados pela Prefeitura. Ao identificar a discrepância nos dados, as 19 últimas edições foram novamente verificadas. A tabela a seguir demonstra como essa mudança metodológica afeta os registros:
Assim, na metodologia anterior teriam sido registradas 131 mortes nas últimas 24 horas, mas, na nova metodologia, apenas 4. Além disso, seria o terceiro dia em que a média móvel aumentaria em uma semana (trecho selecionado em amarelo) e o sexto dia em que a média móvel da semana aumentaria na quinzena (trecho selecionado em vermelho).
O Secretário Municipal de Saúde, Edson Aparecido, usou o Twitter para negar a mudança e preferiu desqualificar a checagem da assessoria técnica da Liderança do PT.
Não há diferença entre as metodologias, as fontes de dados são as mesmas, e-Sus, sivep gripe e, no caso de óbitos, o Proaim. Sugiro que procurem entender os dados, a composição destes, o trabalho sério de equipes técnicas em vez de explorarem politicamente o tema.
— Edson Aparecido (@EdsonAparecido) July 16, 2020
Apesar da reposta, é possível afirmar que houve sim uma mudança metodológica. Até o dia 15, o boletim diário registrava as mortes até o dia anterior e na edição do dia 16 passaram a divulgar no mesmo dia, como pode ser observado na edição 112. Além disso, o perfil da pasta acabou confirmando a informação em sua resposta aos questionamentos na mesma rede social:
Esse tuíte confirma o que estamos questionando. Até o Boletim 110 não eram atualizados os números de óbitos dos dias anteriores e a última data totalizava os novos registros. Porque decidiram mudar a forma de apresentar os números? Explicar isso é dar transparência à gestão.
— PT Câmara de SP (@camaraptsp) July 17, 2020
Nesta quinta-feira, 16, a edição 112 do boletim, até o dia anterior divulgada por volta das 19h, após os questionamentos da Liderança do PT atrasou e até as 21h não havia sido publicada.
FALTA DE TRANSPARÊNCIA
Desde o início da pandemia provocada pelo novo Coronavírus, a imprensa, os órgãos de fiscalização e entidades que medem opacidade e transparência no serviço público têm denunciado e criticado a forma de disponibilizar os dados epidemiológicos.
Em 4 de abril, o repórter Luís Adorno, do Uol, já denunciava a divergência nos dados divulgados pela Prefeitura e o Governo do Estado de São Paulo. Vale mencionar que são esses números que determinam a manutenção da quarentena ou permitem a abertura do comércio nas cidades. O governo Doria também não respondeu o motivo de omitir 11 mil casos de Covid-19 a menos na cidade de SP, dados ignorados que sustentam o plano de afrouxamento das regras de isolamento social determinadas pelo governo João Doria, como publicado pela repórter Camille Lichotti, da Revista Piauí.
Até o momento, três meses depois da reportagem de Adorno e quase um mês depois da de Lichotti, Prefeitura e Governo do Estado não conseguiram explicar essa divergência nos dados que ambos permanecem publicando, como pode ser observado no quadro a seguir:
Assim, São Paulo entrou na fase amarela da flexibilização da quarentena apesar da subnotificação no registro das mortes. Essa fase é a que permite a reabertura, com restrições, de bares, restaurantes e salões de beleza. O anúncio foi feito pelo governador quando as repórteres Marina Pinhoni e Patrícia Figueiredo publicaram que havia mais de 25 mil casos a menos contabilizados pelo governo do estado daqueles divulgados pelo município, fazendo com que os números registrados no interior ultrapassassem a capital.
– com Rogério Limonti, da assessoria técnica de Finanças da Liderança do PT/CMSP
O PT critica s #fakenews dos bolsonaristas, mas fabrica as próprias. São iguais no uso sujo das redes sociais.
Informe da PREFEITURA DE SP:
Informamos que a partir da edição 111 , o boletim diário Covid-19 da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de São Paulo passa a divulgar o número de casos correspondente a cada dia. Essa é uma medida que garante ainda maior transparência aos dados sobre óbitos por Covid-19 no município.
A atualização do passado não muda o total de óbitos divulgados, apenas os distribui conforme a data em que aconteceram. Os dados divulgados em cada uma das edições anteriores a 111 continuam disponíveis em seus respectivos boletins diários, que podem ser acessados no site (link). A SMS garante, assim, a transparência e a exatidão dos dados publicados.
Welbi Maia o PT é muito responsável sobre os seus posicionamentos. A mudança metodológica não permite reconstituir os dados para todo o período em um momento crítico. Depois de apurado foi divulgado por veículos da imprensa, como você pode conferir em https://brasil.elpais.com/brasil/2020-07-24/sem-alarde-sao-paulo-muda-divulgacao-de-obitos-da-covid-19-e-especialistas-criticam.html