Falta de vaga em escola afeta 300 crianças no extremo sul de São Paulo

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Brasília - Crianças assistem à aula no Centro de Educação Infantil de Águas Claras, escola recém-inaugurada no Distrito Federal. O acesso à educação infantil de 4 a 5 anos atingiu 70% em 2007, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) Foto: Marcello Casal Jr./ABr

São Paulo – Cerca de 300 crianças de 6 anos que deviam ingressar na primeira série do ensino fundamental este ano estão sem vaga em escola na região de Pedreira, zona sul da capital paulista.

Segundo um comunicado da Diretoria Regional de Educação de Santo Amaro, o governo do prefeito Bruno Covas (PSDB) vai construir uma unidade emergencial no local, mas aulas só devem começar na segunda quinzena de março ou em abril, com cerca de dois meses de atraso em relação ao ano letivo.

Até lá, as famílias dos estudantes não sabem o que fazer para garantir a aprendizagem das crianças nem com quem deixá-las no horário em que deveriam estar na escola.

“Desde o fim do ano, quando ocorre a última reunião, já sabíamos que ela estava sem vaga em escola definida. Deram o prazo até 17 de dezembro para resolver, porém não foi apontada nenhuma escola. Depois deram prazo até 6 de janeiro, também nada”, diz a professora Elaine de Oliveira Costa, mãe de uma menina de 6 anos. “Em 20 de janeiro a diretora me falou que haveria uma reunião dia 28 e nos traria uma resposta. Liguei e nada. No dia 3 de fevereiro eu soube qual seria o encaminhamento dela. Uma nova escola, sendo reformada, matrículas a serem feitas dia 17 de fevereiro no CEU Alvarenga.”

Elaine tentou fazer a matrícula na manhã de hoje, mas não conseguiu devido à imensa fila. Muitos pais esperavam para tentar uma vaga na escoal para os filhos. No período da tarde, o marido dela, Jair Rodrigues da Rocha, conseguiu efetivar a matrícula, mas ficou indignado.

“Isso aqui foi só para ajudar o governo a dizer que está resolvendo. Faz matrícula, mas não sabe quando vai estudar. Matrícula falsa, estava esperando vaga em escola e continua assim”, lamentou. Uma situação semelhante ocorreu em 2018, quando Doria matriculou 200 crianças em uma creche inacabada, na zona oeste.

A unidade a ser construída será instalada em um prédio privado, no Jardim Sete Praias. O local vai passar por reformas e terá cinco salas, com funcionamento de manhã e à tarde.

Para Elaine, o endereço é mais uma preocupação. “Se vai alugar um prédio, porque não fazer isso aqui no Jardim Apurá, que tem muitas crianças nessa situação. Por que escolher um local tão distante? Aqui no Apurá com certeza tem terreno para vender ou prédio para alugar”, apontou.

Na manhã de ontem, primeiro dia das matrículas, a situação foi ainda pior, pois uma fila imensa de familiares das crianças se formou no CEU Alvarenga. “Eu fui lá ontem e foi bem cansativo, está uma bagunça mesmo. Eu cheguei 8h30 e saí 13h30. Eles não estavam preparados para isso. Tinha que ter mais gente para atender, tinha uma moça só atendendo depois que veio outra. Tem gente que está reagendando para março. E o ruim é que a gente não tem o que fazer. Eu corri atrás também, não tem nem o que fazer. Eu vou ajudar ele em casa mesmo, que pagar uma escola particular eu não tenho condições”, contou.

Josely Agra da Silva, profissional da área de estética, está preocupada tanto com o prejuízo educacional da filha quanto com a situação financeira da família. Ela só ficou sabendo da falta de vagas em janeiro.

“No fim do ano, na última reunião disseram que era para ir na escola mais próxima para saber em qual escola ela caiu. Na primeira semana de janeiro liguei na Emei para saber como deveria proceder. Foi quando soube que ela e muitas outras crianças e estavam sem vaga. Eu sou autônoma e estou com dificuldades para organizar minha agenda, pois tenho que levá-la comigo para o trabalho. São duas conduções, e ela já paga condução”, explicou.

Um professor que pediu para não ser identificado disse que o governo Covas tinha conhecimento da situação desde o ano passado.

Em dezembro, quando as Escolas Municipais de Ensino Infantil (Emei) deviam informar as unidades onde as crianças iriam iniciar o ensino fundamental, pouco foi informado aos pais. Muitos só descobriram que não havia vaga em escola para o filho na metade de janeiro.

“A prefeitura construiu o conjunto habitacional aqui onde seria o Parque dos Búfalos, trazendo muitas pessoas para morar na região. Mas não fez nenhum investimento em infraestrutura para acompanhar a demanda por serviços públicos. Escola, posto de saúde, hospital, creche, nada. Agora estamos sofrendo as consequências. Já se sabia que isso ia acontecer, porque no ano passado já tinha sido difícil garantir vaga em escola para todas as crianças”, afirmou o professor.

O conjunto habitacional citado é o Residencial Espanha, cuja primeira parte foi inaugurada na gestão do ex-prefeito a atual governador João Doria (PSDB). No final de novembro, o atual prefeito, Bruno Covas, inaugurou a segunda parte.

Já foram morar na região 1.320 famílias. No entanto, o local devia contar com um Centro Municipal de Ensino Infantil (Cemei), uma Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) e um Centro de Referência em Assistência Social (Cras), mas não há previsão de quando esses equipamentos serão instalados.

O governo Covas não se manifestou.

Fonte: Rede Brasil Atual.

Brasília – Crianças assistem à aula no Centro de Educação Infantil de Águas Claras, escola recém-inaugurada no Distrito Federal. O acesso à educação infantil de 4 a 5 anos atingiu 70% em 2007, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) Foto: Marcello Casal Jr./ABr

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