NOTA DE PESAR PELO FALECIMENTO DE ALFREDO BOSI, PROFESSOR UNIVERSITÁRIO, CRÍTICO E HISTORIADOR
Recebi com muito pesar a notícia da morte do professor universitário, crítico e historiador Alfredo Bosi, aos 84 anos de covid. Professor emérito da Universidade de São Paulo, crítico e historiador da literatura, era membro da Academia Brasileira de Letras desde 2003. Sua saúde, que já se encontrava-se debilitada desde o falecimento de sua esposa em 2007, a psicóloga e escritora Ecléa Bosi, também professora-emérita na USP, do Departamento de Psicologia Social.
A “História Concisa da Literatura Brasileira”, obra lançada em 1970 e já em sua 50a edição, tornou-se referência para muitas gerações de universitários do Brasil e do mundo. Intelectual com profunda formação humanística, ele pertenceu à geração de docentes que fizeram a transição das Faculdades de Ciências Humanas, Letras e Filosofia, do campus da Maria Antônia depois do AI-5, para o campi do Butantã nos anos 1970.
Bosi ajudou a constituir dois importantes centros da resistência à Ditadura Militar e à reconstrução das liberdades democráticas: foi o presidente do Centro de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns entre 1982-1984 e da Comissão de Justiça e Paz, cujo trabalho de pesquisa foi essencial para a denúncia das torturas, prisões e mortes do início dos anos 1970 e para que, depois de promulgada a Constituição de 1988, os crimes do aparato repressivo pudessem ser investigados pela Comissão da Verdade.
O Brasil perde um de seus intelectuais mais proeminentes no campo da literatura, mas também um exemplo concreto de que a ciência, quando fundada verdadeiramente no interesse humano e ancorada em valores sólidos da civilidade, constrói o caminho possível para um presente justo e um futuro esperançoso.
Estendo minha solidariedade e meu abraço fraterno aos filhos de Alfredo e Ecléa, Viviana e José Alfredo, e proponho um minuto de silêncio.
EDUARDO SUPLICY
Líder da Bancada do PT
Câmara Municipal de São Paulo
São Paulo, 07 de abril de 2021