Hoje, na Comissão de Educação, Cultura e Esportes da Câmara Municipal de São Paulo, os vereadores Jair Tatto e Eduardo Suplicy, integrantes desta comissão, ajudaram a aprovar 3 requerimentos importantes na luta pela qualidade da educação e contra a precarização dos serviços de segurança escolar. Os requerimentos aprovados foram: 1- Realização de Seminário sobre o Impacto das alterações das Propostas de Emendas Constitucionais ( PEC) do FUNDEB para a Cidade de São Paulo; 2- Realização de Seminário sobre o Ensino Domiciliar na Educação Básica, com a presença do Sr. Bruno Caetano, novo Secretário de Educação; e por fim, um requerimento solicitando informações sobre os Contratos de Segurança e Vigilância das unidades escolares que estão em vigência.
No último requerimento ( sobre segurança e vigilância) os vereadores querem saber se há intenção da Secretaria Municipal de Educação de alterar a formação na prestação dos serviços de segurança e vigilância, e se for positiva a resposta, pedem que sejam especificadas essas alterações pretendidas. Também incluíram neste requerimento o pedido de informações sobre possíveis rescisões antecipadas de contratos, e por fim, se há procedimento de licitação em andamento para estes serviços.
Ainda nesta comissão, foi aprovado o PL Nº 653/2018 que trata da criação do “Memorial dos Aflitos” que representa uma luta pela preservação de acervo arqueológico na região da Liberdade.
Houve também nesta sessão uma homenagem muito especial à Raoni Metuktire, líder indígena brasileiro conhecido internacionalmente por sua luta pela preservação da Amazônia e dos povos indígenas.
O Vereador responsável pela homenagem foi Eduardo Suplicy, que aproveitou o momento da discussão do PL 139/2019 — que visa incluir no calendário da Cidade de São Paulo o Dia do Descobrimento do Brasil, para ler o artigo do líder indígena e propor uma reflexão sobre os verdadeiros donos da terra.
Suplicy também foi responsável pela participação do integrante da Associação de Peruanos Christian Urbay Diaz na reunião, o qual trouxe à mesa seu pedido de atenção ao PL 689/17 — que trata da criação da feira de arte, artesanato, cultura e gastronomia peruana na praça coronel Fernando Prestes –que segundo ele está parado na casa.
Para finalizar, o PL 452/2018, do Vereador Reis — que trata de instituir no Município de São Paulo o Dia do Auditor de Controle Externo, foi aprovado por unanimidade.
Artigo do Raoni Metuktire:
“Por muitos anos, nós, os líderes indígenas e os povos da Amazônia, temos avisado vocês, nossos irmãos que causaram tantos danos às nossas florestas. O que você está fazendo mudará o mundo inteiro e destruirá nossa casa – e destruirá sua casa também.
“Temos deixado de lado nossa história dividida para nos unirmos. Apenas uma geração atrás, muitos de nossos povos estavam lutando entre si, mas agora estamos juntos, lutando juntos contra nosso inimigo comum. E esse inimigo comum é você, os povos não-indígenas que invadiram nossas terras e agora estão queimando até mesmo aquelas pequenas partes das florestas onde vivemos que você deixou para nós. O presidente Bolsonaro do Brasil está incentivando os proprietários de fazendas perto de nossas terras a limpar a floresta – e ele não está fazendo nada para impedir que invadam nosso território.
“Pedimos que você pare o que está fazendo, pare a destruição, pare o seu ataque aos espíritos da Terra. Quando você corta as árvores, agride os espíritos de nossos ancestrais. Quando você procura minerais, empala o coração da Terra. E quando você derrama venenos na terra e nos rios – produtos químicos da agricultura e mercúrio das minas de ouro – você enfraquece os espíritos, as plantas, os animais e a própria Terra. Quando você enfraquece a Terra assim, ela começa a morrer. Se a Terra morrer, se nossa Terra morrer, nenhum de nós será capaz de viver, e todos nós também morreremos.
“Por que você faz isso? Você diz que é para desenvolvimento – mas que tipo de desenvolvimento tira a riqueza da floresta e a substitui por apenas um tipo de planta ou um tipo de animal? Onde os espíritos nos deram tudo o que precisávamos para uma vida feliz – toda a nossa comida, nossas casas, nossos remédios – agora só há soja ou gado. Para quem é esse desenvolvimento? Apenas algumas pessoas vivem nas terras agrícolas; eles não podem apoiar muitas pessoas e são estéreis.
“Você destrói nossas terras, envenena o planeta e semeia a morte, porque está perdido. E logo será tarde demais para mudar
“Então, por que você faz isso? Podemos ver que é para que alguns de vocês possam obter uma grande quantia de dinheiro. Na língua Kayapó, chamamos seu dinheiro de piu caprim, “folhas tristes”, porque é uma coisa morta e inútil, e traz apenas danos e tristeza.
“Quando seu dinheiro entra em nossas comunidades, muitas vezes causa grandes problemas, separando nosso pessoal. E podemos ver que faz o mesmo em suas cidades, onde o que você chama de gente rica vive isolado de todos os outros, com medo de que outras pessoas venham tirar seu piu caprim. Enquanto isso, outras pessoas passam fome ou vivem na miséria porque não têm dinheiro suficiente para conseguir comida para si e para seus filhos.
“Mas essas pessoas ricas vão morrer, como todos nós vamos morrer. E quando seus espíritos forem separados de seus corpos, seus espíritos ficarão tristes e vão sofrer, porque enquanto vivos fizeram com que muitas outras pessoas sofressem em vez de ajudá-las, em vez de garantir que todos os outros tenham o suficiente para comer, antes de alimentar a si próprio, como é o nosso caminho, o caminho dos Kayapó, o caminho dos povos indígenas.
“Você tem que mudar a sua maneira de viver porque está perdido, você se perdeu. Onde você está indo é apenas o caminho da destruição e da morte. Para viver, você deve respeitar o mundo, as árvores, as plantas, os animais, os rios e até a própria Terra. Porque todas essas coisas têm espíritos, todas elas são espíritos, e sem os espíritos a Terra morrerá, a chuva irá parar e as plantas alimentares murcharão e morrerão também.
“Todos nós respiramos esse ar, todos bebemos a mesma água. Vivemos neste planeta. Precisamos proteger a Terra. Se não o fizermos, os grandes ventos virão e destruirão a floresta.
Então você sentirá o medo que nós sentimos”. (Cacique Raoni Metuktire, da nação Kayapó)