Atualizado em 21 out. 2019, às 15h24 | Edição: Debora Pereira
Despencados de voos cansativos
Complicados e pensativos
Machucados após tantos crivos
Blindados com nossos motivos (…)”
Trecho da Musica Passarinhos, do rapper Emicida
E despencando ladeira abaixo, o governo de Jair Bolsonaro (PSL) não tem a menor ideia de como conduzir o país. Em meio a polêmicas de corrupção, compra de deputados e brigas internas, o Brasil vai se arrastando, sobrevivendo e se virando do jeito que pode.
E se não bastasse a inabilidade técnica e administrativa do governo de Jair Messias Bolsonaro e seus correligionários nos Estados e Municípios, intensificou-se uma cultura de ódio e confronto cotidiano entre famílias, amigos e até categorias profissionais.
No Governo do Estado de São Paulo, o governador João Doria (PSDB) impõe sua agenda neoliberal de desmonte dos serviços públicos, em especial na Secretaria de Educação, com atos que desestabilizam ainda mais o trabalho dos profissionais da Educação: a adesão às “Escolas Militares” em plena semana do dia dos Professores; a publicação em Diário Oficial de Portarias emitidas pela Coordenadoria de Gestão de Recursos Humanos – CGRH 4 e 6/2019 -, que contrariam o Estatuto do Magistério; entre outras legislações que desumanizam ainda mais o processo de atribuição de aulas.
Por sua vez, na Prefeitura de São Paulo, o prefeito Bruno Covas (PSDB) vai reproduzindo a agenda de seu antecessor – Doria – e, após grande polêmica sobre a aplicação dos questionários sociais para as famílias da educação básica, que “induzia” as famílias a avaliarem mal as escolas públicas, foi obrigado a suspender a avaliação.
E neste passo a sociedade brasileira vai seguindo em voos cansativos em meio a todo este retrocesso na educação, aumento do desemprego, precarização do trabalho, com o que pode ser chamado de “ubernização” dos serviços, aumento de pessoas em situação de rua em metrópoles como São Paulo (centro e periferia), ataques e desrespeito na saúde e com os bens públicos – a exemplo da Prefeitura de São Paulo, que vende tudo que pode e de “porteira fechada”.
Uma das últimas atitudes desta mentalidade escravocrata que assola o país, foi a humilhação por parte do governador João Doria dirigida aos policiais aposentados do Estado de São Paulo, com vocabulário e narrativas inadequadas para um chefe de Estado, chamando os trabalhadores de “vagabundos” e “preguiçosos”, por protestarem por melhores condições de vida.
Este infeliz episódio não está desvinculado da cultura “reacionária”, “autoritária” e “intolerante” do “Bolsonarismo”, que, como uma “epidemia”, tomou conta de mentes e corações de parte da população brasileira.
O uso político e ideológico por parte dos governos de Bolsonaro e Doria, manipulam as trabalhadoras e trabalhadores das forças de segurança do estado e municípios, como um verdadeiro “Fla-Flu” e a “bancada da bala” e a “militarização” de escolas seriam as soluções para todos os problemas sociais, culturais e econômicos do país.
E chamo a atenção para uma categoria de trabalhadores, os policiais militares e Civis e os guardas municipais, que assim como outros servidores públicos que atuam na base da sociedade (professores, enfermeiros, assistentes sociais) também passam diariamente pelas mesmas rotinas após um dia de trabalho: voltam para suas famílias, como pais, mães, filhos, irmãos, avós, tios, tias e amigos; que deixam seus filhos, netos, sobrinhos nas escolas; que utilizam o transporte coletivo; que vão aos hospitais públicos e estão sujeitos as mesmas dificuldades e paixões da vida no Brasil; que recebem baixos salários; possuem empréstimos em bancos; sofrem com falta de estrutura para trabalhar; não têm reconhecimento material, social e emocional.
Apesar de todas essas condições, uma parte destes trabalhadores foram tomados de “assalto” por uma narrativa imediatista, carregada de ódio, como solução para resolver os problemas históricos da categoria e requentada com doses de “senso comum” e nostalgia – “saudades do que não vivemos”. Então foram instrumentalizados pelo Bolsonarismo ou, melhor dizendo, pelo “BolsoDoria”. Como consequência se aprofunda a crise na categoria, com o aumento dos índices de suicídio, já denunciado pelo Vereador Paulo Reis (PT) na tribuna da Câmara Municipal de São Paulo e em audiência pública.
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, Entre 2017 e o ano passado, 78 policiais tiraram a própria vida. Destes, 17 eram policiais civis da ativa. Tendo em vista um efetivo de 28 mil agentes, a taxa de suicídio nesse grupo é de 30,3 a cada 100 mil habitantes. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), uma taxa de 10 a cada 100 mil já pode ser classificada como epidêmica. Ou seja, o suicídio na corporação é três maior do que o aceitável. Se comparada a taxa média de suicídio das duas polícias (militar e civil) em São Paulo (23,9 por 100 mil) com a do restante da população brasileira (5,8 por 100 mil), os policiais se suicidaram em uma proporção quatro vezes maior do que a população em geral.
SESSÃO SOLENE
A conjuntura política desfavorável a todos os trabalhadores e as péssimas condições de trabalho dos Policiais foram pautadas durante a Sessão Solene no Salão Nobre da Câmara Municipal de São Paulo, na última sexta-feira, 18, em comemoração ao Dia da Valorização da Policia Civil, conforme a Lei Municipal n° 17.066/2019, de autoria do vereador Reis.
O Deputado Federal Rui Falcão (PT-SP), presente na solenidade, alertou sobre os malefícios da Reforma da Previdência em curso no Congresso Nacional para todos os trabalhadores e falou sobre o Projeto de Lei 1.004/2019, de autoria do deputado Capitão Augusto (PR-SP), que permite que a Polícia Militar elabore os autos de prisão em flagrante delito e os autos de apreensão por atos infracionais, desempenhando as mesmas funções que a Policia Civil.
Estiveram presentes no evento o Dr. Waldir Covino, Delegado de Polícia Chefe da SSP/APC; o Sr. Marco Antônio Bioto, Agente Policial da 3° Delegacia de Polícia de Investigações sobre Desmanches Delituosos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Divecar/Deic); representando o Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) a presidenta, Dra. Raquel Kobashi Gallinati, e Dr. Fernando César de Souza e Dra. Juliana Ribeiro, ambos diretores da entidade; o Sr. João Xavier Fernandes, Presidente do Sindicato dos Escrivães de Polícia do Estado de São Paulo (Sepesp) e os Srs. Eduardo Fernandes Silva, Heber Souza dos Santos e José Airton Marques, Escrivães de Polícia; já pela Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Adpesp) participaram Dr. Gustavo Mesquita Galvão Bueno, presidente da entidade, e os diretores Dr. Arnaldo Rocha Junior e Dr. Rodrigo Lacordia. Essas foram as entidades homenageadas e que em seus pronunciamentos realizaram duras críticas ao modelo do governo “BolsoDoria” e ao abandono das Forças de Segurança, por parte das autoridades.
Os ataques do “triunvirato” Bolsonaro/Doria/Covas se estendem a todos os trabalhadores, independente da categoria, para superação deste modelo. É importante retomarmos o pacto Federativo em prol de um país para todos, com a união dos trabalhadores, movimentos sociais do campo progressista, pela democracia e Liberdade do Presidente Lula, cuja prisão é parte deste enredo tenebroso. Todos juntos, rumo a um Brasil melhor e mais justo!
#LulaLivre!
Willian Botelho é Educador e compõe a assessoria técnica da Liderança do PT na Cãmara Municipal de São Paulo