Vereador quer tirar nome de general de praça, na Avenida Paulista, para homenagear Parada do Orgulho LGBT

0
1070

A iniciativa é de autoria do vereador Arselino Tatto e tramita na Câmara Municipal de São Paulo.

O Vereador Arselino Tatto (PT) apresentou no início deste mês, o Projeto de Lei nº 381/2022 que pretende alterar o nome da Praça Marechal Cordeiro de Farias, localizada entre a Avenida Paulista e a Rua da Consolação, para Praça Parada do Orgulho LGBTQIA+.

O pedido de mudança da denominação está fundamentado na própria trajetória do Marechal Cordeiro de Farias que esteve envolvido em cargos de comando nas intervenções e golpes militares desde 1922, das revoltas tenentistas até o golpe de 1964, no qual colaborou. Participou ativamente de golpes em 1930, 1932 e 1935, além de ter se envolvido na conspiração que objetivava impedir a posse de João Goulart. O Marechal contribuiu para o rompimento da democracia que levou o nosso país a mais de 20 anos de ditadura marcada por graves violações de direitos humanos.

“Além de homenagear um dos maiores eventos da capital paulista, minha intenção com esse projeto é mostrar que vivemos um momento de reafirmação da democracia, de respeito à diversidade, à pluralidade e às diferenças, não há mais espaço para homenagens a militares, generais, marechais ou qualquer pessoa que no passado tenha ameaçado o processo democrático ou que contribuiu de alguma forma para a ditadura que torturou e matou tanta gente”, defendeu o vereador Arselino Tatto, autor do projeto.

Em 2013, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou mudanças na Lei 14.454 que permitem a alteração da denominação de vias e logradouros públicos de autoridades que violaram os direitos humanos. Com base nessa lei, em 2021, o vereador Tatto conseguiu substituir o nome do Doutor Sérgio Fleury, em uma via na Vila Leopoldina, para Frei Tito. Frei Tito fazia parte de um grupo de resistência à ditadura militar, por isso, passou a ser perseguido, foi torturado e cometeu suicídio em 1974. Sérgio Fleury foi apontado como um dos seus principais torturadores.

Para o vereador, substituir o nome do marechal é simbólico e reflete o compromisso da cidade de São Paulo com as lutas por direitos humanos, sai o nome de um ditador para dar espaço ao que representa liberdade de escolha, respeito e diversidade.

“A Avenida Paulista é o berço da parada, como pode abrigar uma praça que traz o nome de um general que atacou a nossa democracia? Meu projeto vem corrigir esse absurdo”, discorreu o vereador Tatto.

A Parada do Orgulho LGBTQIA+ expressa a luta contra homofobia, sua primeira edição contou com duas mil pessoas e a última, em 2019, antes da pandemia, teve 3 milhões de participantes. Além de ser uma celebração identitária e de denúncia da perseguição e violência contra a população LGBTQIA+, o evento é o que mais atrai turistas à cidade, em 2019 movimentou R$ 403 milhões na economia, segundo levantamento realizado pelo Observatório da Secretaria Municipal de Turismo.

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!